quinta-feira, 17 de março de 2016

M1 - RECURSOS HÍDRICOS

·        Molécula de água – suas propriedades

Na molécula da água (figura 1), o oxigénio estabelece duas ligações covalentes com dois átomos de hidrogénio e o equilíbrio de forças entre as diferentes orbitais de eletrões, determina uma disposição geometricamente assimétrica das ligações O-H, que formam entre si um ângulo de cerca de 104º.






Figura 1-Estrutura da molécula de água


A água, quando pura, é incolor, insípida e inodora, isto é, não tem cor, sabor nem odor. Contudo, a água do mar é salgada, a água do rio e dos lagos pode ser salobra, a água dos charcos normalmente é turva e as águas termais são ricas em determinados minerais e elementos químicos como o enxofre, por exemplo.

A água é a substância mais abundante sobre a Terra pois ocupa 70% da sua superfície. Devido aos oceanos possuirem uma extensão 2,5 vezes maior que a terra firme, e por serem habitáveis em todas as profundidades, os oceanos constituem um espaço vital mais de 300 vezes maior que o terrestre.
A água tem um calor específico e calor latente de evaporação mais elevados que qualquer outra substância comum e apresenta um ponto de congelamento relativamente elevado.
A água possui uma tensão superficial maior que qualquer substância corrente, exceto o mercúrio.


• Distribuição dos recursos hídricos em Portugal

o  Inventariar os recursos hídricos locais e sua disponibilidade.

De acordo com a tipologia da Diretiva Quadro da Água (DQA), os recursos hídricos disponíveis no concelho de Serpa são os seguintes: 

Grande rio do Sul
-> Guadiana

Rios do Sul de média -grande dimensão
-> Ribeira de Limas;
-> Ribeira do Enxoé;
-> Barranco das Amoreiras.


 Rios do Sul de pequena dimensão
-> Ribeira de Vale de Cervas;
-> Barranco das Amoreiras;
-> Barranco do Papasco;
-> Ribeira de Pias;
-> Barranco do Corte do Alho;
-> Barranco Grafanes;
-> Ribeira do Enxoé;
-> Barranco das Ferrarias;
-> Barranco da Retorta;
-> Barranco da Morgadinha;
-> Barranco da Laje;
-> Barranco do Franco;
-> Afluente da Ribeira do Vidigão (I);
-> Ribeira do Vidigão;
-> Afluente da Ribeira do Vidigão (II);
-> Barranco de Dona Maria;
-> Barranco do Pelingroso;
-> Barranco de São Marcos;
-> Barranco da Lapa Castelhana;
-> Barranco de Beiçudos;
-> Ribeira de Alfamar;
-> Afluente da Ribeira de Alfamar;
-> Ribeira de Limas;
-> Barranco de João Bilheiro;
-> Barranco de A-do-Pinto;
-> Barranco de Vale de Meritanças;
-> Barranco de Santa Iria;
-> Barranco da Furada.

Aquíferos:
-> Gabros de Beja;
-> Moura-Ficalho;

Albufeiras do sul:
-> Barragem da Amoreira;
-> Barragem de Brinches;
-> Barragem do Enxoé;
-> Barragem de Serpa;
-> Barragem da Laje ou Torre Velha;
-> Barragem do Facho I;
-> Barragem da Vareta ou Facho II;

-> Barragem de Pias (em construção)

Os recursos hídricos superficiais indicados são utilizados essencialmente para a rega. No entanto a albufeira do Enxoé é utilizada para o abastecimento das localidades do concelho de Serpa e algumas localidades do concelho de Mértola da margem esquerda do Rio Guadiana.

Documentos facultados pelo professor



o  Explicar variações existentes na distribuição dos recursos hídricos.

A disponibilização dos recursos hídricos no nosso país está relacionada com a irregular distribuição das zonas de maior precipitação que constituem zonas de relevo montanhoso.
O escoamento da precipitação contribui para o aumento dos caudais dos rios e dos aquíferos, portanto é natural que as zonas áridas e com pouca vegetação tenham uma disponibilidade de água muito inferior às das zonas montanhosas, pois têm reduzidos níveis de precipitação (figuras 2 e 3).
Como o território do norte e centro de Portugal é mais montanhoso, e o do sul é tendencialmente plano e com vegetação mais reduzida, verifica-se uma assimetria norte-sul na distribuição dos recursos hídricos em Portugal e uma assimetria oeste- este.
A variação dos caudais dos rios luso-espanhóis tem influência do Plano Hidrológico Espanhol, uma vez que ao prever a construção de barragens e transvases nesses rios pode provocar uma diminuição radical dos caudais dos mesmos, afectando a disponibilidade de água doce em Portugal e tendo inúmeras implicações ambientais e económicas.
O Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva tem uma grande importância no desenvolvimento do Alentejo, na medida em que constituiu a principal fonte de água numa área considerável. Através da barragem do Alqueva, toda a zona que até à sua construção passava por uma seca intensa nos últimos anos, poderá finalmente percorrer o caminho do desenvolvimento. O aumento da disponibilidade de água traduz-se em benefícios para as populações e para a agricultura, ou seja, maior irrigação dos solos e melhores sistemas de rega que permitem o desenvolvimento de novos tipos de agricultura, com a consequente criação de emprego e fixação das populações no interior do país
A construção de grandes barragens apresenta inúmeras vantagens, entre as quais o aumento da disponibilidade dos recursos hídricos através de um aumento do armazenamento de água e a possibilidade da sua utilização na produção de energia. Porém, apresenta também alguns inconvenientes, nomeadamente para a biodiversidade, na medida em que pode contribuir para a redução do número de efectivos de várias espécies, ou mesmo levar à sua extinção, quer porque as barragens constituem obstáculos às migrações e livre circulação dos organismos, quer porque, contribuem para uma redução dos caudais dos rios, provocam uma descida do nível das águas.




Figura 2- Mapa da Hipsometria de Portugal

Figura 3 - Mapa da Precipitação média Anual de Portugal


M2 - NOÇÕES BÁSICAS DE HIDROLOGIA

• Ciclo hidrológico

O ciclo da água, conhecido também como o ciclo hidrológico, (figura 4) é o permanente processo de transformação da água na natureza, passando de um estado físico para  outro.
Existem três estados: sólido, líquido e gasoso.
O ciclo hidrológico desenvolve-se através dos processos de evaporação, condensação, precipitação, infiltração e transpiração.
A água disponível para satisfazer o ser humano encontra-se na natureza distribuída nos rios, lagos, mares, oceanos e em camadas subterrâneas do solo, ou seja, aquíferos.
O ciclo da água é fundamental para a manutenção da vida no planeta Terra, uma vez que, determina as variações climáticas e interfere no nível dos rios, lagos, mares e oceanos.

A ciência que estuda o ciclo hidrológico é a hidrologia

Figura 4 – Ciclo da água

1.  O calor irradiado pelo sol aquece a água dos rios, lagos, mares e oceanos ocorrendo a Evaporação. A evaporação é a transformação do estado líquido da água para o estado gasoso, à medida que se desloca da superfície da Terra para a atmosfera.
2.  Quando o vapor da água arrefece, acumula-se na atmosfera e condensa-se na forma de gotículas, que irão formar as nuvens. Quando isto acontece, ocorre o processo de Condensação, ou seja, transforma-se do estado gasoso para o estado líquido.
3.   Com muita água condensada na atmosfera, inicia-se o processo de Precipitação, onde as gotículas suspensas no ar tornam-se pesadas e caem no solo na forma de chuva. Nas regiões mais frias a água condensada passa do estado gasoso para o líquido e rapidamente para o estado sólido, formando a neve ou granizo.
4.    Quando o vapor de água condensado cai sobre a superfície terrestre, ocorre a Infiltração de uma parte dessa água que vai alimentar os aquíferos. Parte da água que se infiltrou no solo pode ser absorvida pelas plantas que, depois de utilizá-la a devolvem à atmosfera por meio do processo de Transpiração


• Bacia Hidrográfica 

         o  Caracterizar bacias hidrográficas.


Uma bacia hidrográfica é definida em função de um curso de água e constitui a área em que as águas precipitadas são conduzidas para uma rede hidrográfica (figura 5), ou seja, é a área total drenada por um rio e seus afluentes.



Figura 5 – Bacias hidrográficas

Rio Guadiana

         Um dos três grandes rios luso-espanhóis, o rio guadiana percorre uma extensão de 829 km. O rio é navegável nos últimos 68 Km, de Mértola até a foz, variando a sua largura entre 100 e os 500 metros.

      O rio Guadiana nasce a uma altitude de cerca de 1700m, nas lagoas de Ruidera, na província espanhola de Ciudad Real. Renasce nos Ojos del Guadiana (fontes situadas no município de Villarrubia de los Ojos, em Espanha) e faz por duas vezes fronteira entre Portugal e Espanha, entre o rio Caia e a ribeira de Cucos e depois desde o rio Chança até à foz. Percorre 260 Km em Portugal, dos quais 110 servem de fronteira com Espanha e desagua no Oceano Atlântico (mais precisamente no Golfo de Cádis).

        A bacia hidrográfica do rio Guadiana (figura 6) tem uma área total de 66.800 km², correspondendo 17% ao território português e os restantes 83% ao espanhol.

      O efeito da maré faz-se sentir até às Azenhas de Mértola, a cerca de 70 Km da foz. Todavia, considera-se apenas como estuário a zona entre a foz, em Vila Real de Santo António, e o Pomarão.

Adaptado de: http://riosdeportugal.webnode.pt/rios-de-portugal/rio-guadiana/

http://www.infopedia.pt/$bacia-hidrografica


Figura 6 – Bacia Hidrográfica do Guadiana


Albufeira da Herdade do Facho I e II

      As Albufeiras da Herdade do Facho I e II, identificadas com o código PT07GUA1537, correspondem a uma massa de água do tipo “Albufeiras do Sul”, com área inundada correspondente a 0,5 km2 ao NPA (Nível Pleno de Armazenamento). Ambas estão localizadas na freguesia de Vila Nova de São Bento, Concelho de Serpa, Distrito de Beja, e têm como principal finalidade o fornecimento de água para rega.

     A Barragem da Herdade do Facho I encontra-se localizada na linha de água denominada Barranco de João Bilheiro, na Bacia Hidrográfica do Rio Guadiana. A jusante desta Barragem, está localizada a Albufeira da Herdade do Facho II, na linha de água Barranco Vale de Maritanças. Ambas as barragens não possuem escadas para peixes.

     As albufeiras do Tipo Albufeiras do Sul localizam-se no sul de Portugal, têm um tempo de residência superior a sete meses e localizam-se em bacias hidrográficas com precipitação média anual inferior a 800 mm e temperaturas médias anuais superiores a 15 ºC. A dureza da água é, em média, superior a 50 mg CaCO3 l-1. As albufeiras do Tipo Sul são normalmente utilizadas para o regadio (barragens hidroagrícolas) e para o abastecimento de água.



• Escoamento

o  Compreender o processo de escoamento de águas.

Sempre que a intensidade da precipitação ou do degelo excedem a capacidade de infiltração, a água excedentária acumula-se à superfície até que escoa vertente abaixo na direcção de um curso de água. Os tipos de escoamento (figura 7) a considerar são: o escoamento superficial; os escoamentos subterrâneos e sub- superficial e o escoamento superficial de saturação.
O escoamento superficial inicia-se logo que as depressões naturais da superfície topografia são preenchidas. A água escoa no sentido das cotas mais baixas na forma de “filme” ou de “filetes” anastomosados. Este tipo de escoamento verifica-se essencialmente nas zonas urbanas sujeitas a impermeabilização intensa da superfície topográfica, sobre solos fortemente compactados pela circulação de veículos, ou em zonas montanhosas de climas áridos caracterizadas por solos muito finos e desprovidos de cobertura vegetal.
No solo a água move-se verticalmente sob ação da gravidade e lateralmente sob a ação de um gradiente hidrostático. Origina-se assim o escoamento subterrâneo. O contraste de permeabilidade entre o solo mais permeável e a rocha subjacente menos permeável faz com que uma parte do escoamento ocorra ao nível da superfície que divide aqueles dois meios. A esse tipo de escoamento atribui-se designação de escoamento sub- superficial.

Se um evento de precipitação for muito prolongado e os teores de humidade do solo anteriores à chuvada forem elevados, pode ocorrer saturação do solo durante a queda da precipitação pelo que a mesma se converterá em escoamento superficial, ou seja, escoamento direto. Se na periferia do curso de água a superfície freática se localizar próximo da superfície devido a ocorrências prévias de recarga, o escoamento sub-superficial pode ser forçado a emergir convertendo-se em escoamento superficial (escoamento de refluxo). Em ambos os casos o escoamento designa-se por superficial de saturação. 

Figura 7- As diferentes componentes do escoamento

Pacheco, F.A.L., Alencoão, A.M.P., 2008. Hidrologia de Corredores Fluviais, Série didáctica Ciências Aplicadas 336. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, pp74. Consultado a: 12/01/2016


Balanço hidrológico

o  Identificar as variáveis presentes num balanço hidrológico.

O balanço hídrico consiste na distribuição da precipitação (P) pela evapotranspiração e pelo escoamento superficial e subterrâneo. A evapotranspiração real (ETR) corresponde à quantidade que se perde efectivamente para a atmosfera e a evapotranspiração potencial (ETP) representa a perda máxima possível de água para a atmosfera em condições ideais de o solo estar completamente abastecido em água. No entanto existe outras maneiras de se perder água, nomeadamente na rega, pois é retirada água. Entretanto esta última também uma maneira de entrada de água, uma vez que quando se rega, nem toda a água é utilizando, infiltrando-se ou escorrendo alguma para as linhas de água uma grande parte da precipitação. A chuva é outra maneira de entrada de água nas linhas de água. Na escala macro, o “balanço hídrico” é o próprio “ciclo hidrológico”, ou seja, é o resultado que nos fornecerá a água disponível no sistema como, por exemplo, no solo, rios, lagos, vegetação húmida e oceanos, ou seja na biosfera.   
O balanço hídrico pode ser considerado como positivo ou negativo:
·         Positivo P>ETP: reconstituem-se as reservas de água no solo e a água em excesso alimenta o escoamento;
·         Negativo P<ETP: a situação de défice hídrico, a evapotranspiração faz-se a partir das reservas de água no solo.


O balanço hídrico das bacias hidrográficas nacionais (figura 8)  demonstra um contraste norte/sul:
·         Norte: com um balanço hídrico positivo, o que traduz excesso de água. Os valores mais elevados registam-se nas bacias do Cávado e do Lima. A bacia do Douro apresenta, devido ao contraste climático entre o norte litoral e o norte interior, um balanço hídrico relativamente equilibrado, apesar de ligeiramente negativo, resultante das elevadas temperaturas registadas no verão;
·         Sul: apresentam défice de água, um balanço hídrico negativo, com as do Guadiana e as do Sado a revelarem os valores mais baixos.

Figura 8 - Balanço hídrico das bacias hidrográficas nacionais

     Adaptado de:  http://pt.slideshare.net/abarros/recursos-hdricos-974136, dia 12/01/2016


Erosão hídrica

o  Reconhecer a importância da erosão hídrica.

A erosão hídrica é o destacamento e transporte de materiais na forma de partículas do solo ou movimentos de massas do solo de um local para outro sob a ação da chuva e do escoamento.

Numa primeira fase a erosão hídrica resulta do impacto da precipitação sobre o solo, levando à sua desagregação. Como consequência, as partículas do solo são transportadas individualmente ou em movimentos de massas de um local para outro sob a ação do movimento da água, transportando as partículas para jusante onde se depositam, podendo ser novamente destacadas.
Em regiões de baixo nível de precipitação, a erosão hídrica é muito reduzida, pois a vegetação necessita permanentemente de água. Como tal, a água da chuva é retida de forma eficaz originando escoamentos superficiais pouco significativos. Os efeitos negativos da erosão estão associados às regiões de equilíbrio delicado, onde o solo é muito susceptível à sua atuação. A falta de cobertura vegetal, juntamente com as características das precipitações, são fatores que interferem neste processo com intensidade e frequência. Uma cobertura vegetal permanente ajuda a proteger o solo e a reduzir os efeitos erosivos da chuva. 





M3 - GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

Tipologia dos aquíferos.

o  Explicitar as diferenças entre recursos hídricos superficiais e subterrâneos.
Segundo a classificação descrita na DQA, as massas de água naturais podem ser classificadas como sendo superficiais ou subterrâneas

Águas superficiais
Corresponde aos rios, lagos, águas costeiras e de transição. Para o consumo das mesmas tem de se ter em conta o bom estado ecológico (elementos biológicos, parâmetros físico-químicos, características hidromorfológicas) e bom estado químico (concentrações das substâncias prioritárias, substâncias perigosas).

Águas subterrâneas
Encontram-se em Aquíferos de águas debaixo da terra e para a sua exploração tem de se ter em conta os estudos hidrológicos, hidrogeológicos, bacteriológicos, físico-químicos assim como os dados relativos à pluviosidade correspondente à zona.

• Medidas de proteção e preservação dos recursos hídricos.

o  Enumerar medidas de proteção e preservação dos recursos hídricos.

A legislação em vigor prevê o estabelecimento de um regime de carácter especial aplicável a qualquer utilização ou intervenção nas parcelas de terreno localizadas nos leitos das águas do mar, correntes de água, lagos e lagoas, bem como as respectivas margens e zonas adjacentes a fim de os proteger.

Massas de água fortemente modificadas - albufeiras
Considera-se como albufeira o volume de água retido e armazenado pela barragem em cada momento e o respectivo leito.
O leito da albufeira corresponde ao terreno coberto pelas águas não influenciadas por cheias extraordinárias, inundações ou tempestades e limitado pelo nível de pleno armazenamento da albufeira.

O nível de pleno armazenamento da albufeira é a cota altimétrica máxima que, de acordo com o projeto da respectiva barragem, pode ser alcançada pela água retida e armazenada por essa barragem.
A margem corresponde à faixa de terreno contígua ou sobranceira à linha que limita o leito das águas (igual à das massas de água superficiais - rios e ribeiras)
As albufeiras de águas públicas de serviço público são obrigatoriamente objeto de classificação num dos seguintes tipos, como se pode verificar na tabela 1:
Tabela 1 – Tipos de Albufeiras de Águas Públicas de Serviço Público


Na zona envolvente da albufeira é definida uma zona terrestre de proteção que tem como função principal a salvaguarda e proteção dos recursos hídricos a que se encontra associada.
zona terrestre de proteção da albufeira é uma faixa terrestre com a largura de 500 metros medida na horizontal, a partir da linha limite do leito. Em casos particulares pode ser ajustada para um valor superior, até ao máximo de 1000 m, ou para um valor inferior, até ao mínimo de 100 m. Nestas zonas de proteção são interditas ou condicionadas diversas atividades.
zona reservada da zona terrestre de proteção é uma faixa terrestre, medida na horizontal, com a largura de 100 metros contados a partir da linha limite do leito. Fora algumas exceções previstas na lei, na zona reservada é interdita a edificação.
zona de proteção da barragem e a zona de respeito da barragem dos órgãos de segurança e de utilização da albufeira é uma faixa delimitada a montante no plano de água para a primeira e a jusante da barragem na zona terrestre de proteção, no segundo caso, definidas com o objetivo de salvaguardar a integridade da barragem e dos órgãos de segurança e de utilização da albufeira e garantir a segurança de pessoas e bens. Estas zonas têm a configuração e as dimensões que forem fixadas no projeto de construção de cada barragem, devendo ser devidamente sinalizadas.

Documentos facultados pelo professor

sexta-feira, 11 de março de 2016

M4 - QUALIDADE DA ÁGUA

• Qualidade da água segundo a DQA

o  Determinar o bom estado de massas de água fortemente modificadas - Albufeiras

O principal objetivo da DQA é atingir o bom estado de todas as águas superficiais (rios, lagos, águas costeiras e de transição) e subterrâneas.

Uma massa da água pode ser designada como fortemente modificada quando, em resultado de alterações físicas resultantes da atividade humana, adquiriu características substancialmente diferentes do seu estado natural: rio, lago, águas de transição e águas costeiras. Estão neste caso, por exemplo, as albufeiras e os troços de rio a jusante das barragens, já que o rio, em virtude da construção de uma barragem-necessária para garantir determinados usos da água como o abastecimento público, produção de energia hidroelétrica, rega, proteção contra cheias, navegação e recreio - sofreu uma alteração física que modificou significativamente as suas características hidrológicas e morfológicas.
Como se trata de uma massa de água que resulta da profunda alteração de um sistema aquático natural previamente existente, a DQA não tem em conta as particularidades ecológicas das albufeiras, propondo uma tipologia de base abiótica. Esta é baseada em variáveis físico-químicas e hidromorfológicas, com a ideia subjacente de que a diferentes cenários abióticos correspondem comunidades biológicas distintas.
Para a categoria Massas de Água Fortemente Modificadas, a DQA “criou” o conceito potencial ecológico, a que no extremo superior do gradiente de qualidade, corresponde o “máximo potencial ecológico”, caracterizado por evidenciar estruturas ecológicas equilibradas e indicadoras de situações o menos modificadas possíveis.
As albufeiras de Santa Clara (RH 6) e Odeleite (RH7) são consideradas como referencial de “máximo potencial ecológico” por cumprirem os “valores de referência” definidas pelo INAG. (Instituto Nacional da Água)
À semelhança dos sistemas naturais, para as massas de água fortemente modificadas é fundamental caracterizar as condições de máximo potencial ecológico para as componentes hidromorfológica, físico-química e biológica, por tipo, para, numa fase posterior, se poder proceder à classificação ecológica de uma determinada massa de água pertencente a esse tipo, por comparação com aquelas condições.


Componente hidromorfológica


As condições hidromorfológicas que definem o máximo potencial ecológico são estabelecidas com base em bibliografia disponível e no conhecimento pericial da equipa.
São feitas deslocações ao campo para observação e medições in loco.
Sumariamente é feito o enquadramento climático a nível do território de Portugal Continental no que se relaciona com as variáveis temperatura e precipitação. Referem-se as características do talude, as variações de nível e o tipo de cobertura das diferentes zonas lacustres (zona ripária, zona litoral, espelho de água).


Componente físico-química

A caracterização físico-química é feita com base na análise estatística dos seguintes parâmetros:


Componente biológica

Embora a DQA faça referência a diversas comunidades aquáticas, salienta-se neste trabalho a comunidade dos macroinvertebrados bentónicos. Esta opção deve-se à facilidade de recolha e tratamento de amostras, assim como da aplicação do índice de qualidade biológica da água. 
Invertebrados bentónicos

Para sistemas com características lênticas, a comunidade de invertebrados pode ser caracterizada através da comunidade litoral ou com base em amostras de exuviae pupais.

Para as albufeiras portuguesas verificou-se que em situações de maior estabilidade (i.e. máximo potencial ecológico) as amostras de exuviae apresentavam maiores níveis de abundância e de riqueza quando comparadas com amostras de invertebrados colhidos no litoral.


No Quadro 1 apresentam-se as taxas indicadoras de qualidade para exuviae; todos eles pertencentes à família Chironomidae.

Quadro 1 - Taxa de exuviae indicadores de Máximo Potencial Ecológico para o tipo Albufeiras do Sul.


Para os invertebrados de litoral, a espécie Atyaephyra desmaresti (Malacostraca, Decapoda) surge como mais abundante.

No Quadro 2 indicam-se outros taxa característicos deste tipo. Refere-se, contudo, que todos eles são generalistas, tolerantes a condições lênticas pouco oxigenadas, não sendo indicadores específicos de qualidade.

Quadro 2- Invertebrados bentónicos indicadores do Máximo Potencial Ecológico para o tipo Albufeiras do Sul.







Atividade desenvolvida


No dia 15-02-2016, juntamente com o Sr. José Guerreiro, da Administração da Região Hidrográfica do Alentejo, fomos à Barragem do Facho II, tradicionalmente conhecida por Barragem da Vareta, com o objetivo de recolher amostras de água para posterior análise dos principais parâmetros físico-químicos.
Em condições normais a amostragem de água deveria ser feita com recurso a um barco no meio da massa de água. Para a recolha das amostras utiliza-se uma garrafa de Van Dorn vertical que permite recolher amostras estratificadas, ou seja, permite obter amostras de águas a diferentes profundidades. A garrafa possui uma corda graduada que permite medir a profundidade e em cada extremidade da garrafa encontra-se uma tampa. As tampas são abertas antes de se colocar a garrafa na água, e uma vez atingida a profundidade desejada, é largado um mensageiro que as fecha.
Como não tivemos acesso a barco, a amostragem foi efetuada na margem da albufeira através da utilização de um copo telescópico.
Este possui um cabo flexível para se poder recolher água o mais longe possível da margem.
A água amostrada foi distribuída por vários frascos, de acordo com as análises a realizar: a carência química de oxigénio (CQO), o oxigénio dissolvido, o cloro, os sólidos suspensos totais (SST) e a carência bioquímica de oxigénio (CBO), onde se juntou 8 gotas de ácido sulfúrico (H2S04).

A transparência da água e consequentemente a penetração da luz é medida, utilizando o disco de Secchi. Como o próprio nome indica, este dispositivo, consiste num disco com 20 cm de diâmetro dividido em quadrantes brancos que se encontra preso a uma corda marcada de metro a metro. O disco de Secchi é descido ao longo da coluna de água para determinar a que profundidade é que o disco deixa de ser visível. Quanto maior for a transparência da água, maior é a profundidade a que o disco deixa de ser visível. Assim, é possível afirmar que há uma relação inversa entre a transparência e a turbidez da água.                    



Resultados da atividade:





Parâmetros
Resultados
Oxigénio Dissolvido (mg/l)
10,2
Taxa de Saturação (%)
97,9
CBO5 (mg/l)
<5
 pH (Escala Sorensen)
7,8
NH4(mg/l)
0,123
NO3 (mg/l)
<2,0
Ptotal (P2O5 mg/l)
0,09
Cloro Residual (mg/l)
0,075
CQO (mg/l)
22
SST (mg/l)
16

Tabela 2- Resultados das análises dos parâmetros físico-químicos



A análise dos valores laboratoriais dos parâmetros físico-químicos obtidos demonstra valores maioritariamente elevados comparativamente aos valores de referência característicos do Máximo Potencial Ecológico do tipo Albufeiras do Sul.

Há exceção dos valores de CBO5 e o NO3 que não são concretos, daí não se poder tirar quaisquer conclusões e o do  pH que corresponde aos valores de referência.

 Os altos valores de Azoto Amoniacal, Nitrato e Fósforo podem dever-se ao uso de adubos químicos no solo que contaminam a água da barragem da vareta  devido ás escorrências.

Os valores maioritariamente elevados podem ter a ver também com o facto de só ter sido recolhida uma amostra, o que é pouco para os dados estatísticos, por isso, os valores podem não estar muito de acordo com a realidade.

A recolha da amostra foi feita na margem da barragem o que pode variar um pouco os valores, pois as amostras deviam ter sido feitas no centro da barragem mas devido á falta de equipamento não foi possível e pode então ter comprometido também os valores.

A altura do ano em que a amostra foi recolhida pode ter alterado de alguma forma os valores, pois no inverno há mais água o que faz com que haja uma maior diluição e os valores sejam mais baixos, ou no verão onde a quantidade de água é reduzida e as substâncias estão mais concentradas.

Ou pode ter mesmo a ver com a calibração do equipamento utilizado.

















Fig.12 - Amostras de água recolhidas

Fig.13 - Medição do pH

Fig.14 - Barragem da Vareta