sexta-feira, 11 de março de 2016

M4 - QUALIDADE DA ÁGUA

• Qualidade da água segundo a DQA

o  Determinar o bom estado de massas de água fortemente modificadas - Albufeiras

O principal objetivo da DQA é atingir o bom estado de todas as águas superficiais (rios, lagos, águas costeiras e de transição) e subterrâneas.

Uma massa da água pode ser designada como fortemente modificada quando, em resultado de alterações físicas resultantes da atividade humana, adquiriu características substancialmente diferentes do seu estado natural: rio, lago, águas de transição e águas costeiras. Estão neste caso, por exemplo, as albufeiras e os troços de rio a jusante das barragens, já que o rio, em virtude da construção de uma barragem-necessária para garantir determinados usos da água como o abastecimento público, produção de energia hidroelétrica, rega, proteção contra cheias, navegação e recreio - sofreu uma alteração física que modificou significativamente as suas características hidrológicas e morfológicas.
Como se trata de uma massa de água que resulta da profunda alteração de um sistema aquático natural previamente existente, a DQA não tem em conta as particularidades ecológicas das albufeiras, propondo uma tipologia de base abiótica. Esta é baseada em variáveis físico-químicas e hidromorfológicas, com a ideia subjacente de que a diferentes cenários abióticos correspondem comunidades biológicas distintas.
Para a categoria Massas de Água Fortemente Modificadas, a DQA “criou” o conceito potencial ecológico, a que no extremo superior do gradiente de qualidade, corresponde o “máximo potencial ecológico”, caracterizado por evidenciar estruturas ecológicas equilibradas e indicadoras de situações o menos modificadas possíveis.
As albufeiras de Santa Clara (RH 6) e Odeleite (RH7) são consideradas como referencial de “máximo potencial ecológico” por cumprirem os “valores de referência” definidas pelo INAG. (Instituto Nacional da Água)
À semelhança dos sistemas naturais, para as massas de água fortemente modificadas é fundamental caracterizar as condições de máximo potencial ecológico para as componentes hidromorfológica, físico-química e biológica, por tipo, para, numa fase posterior, se poder proceder à classificação ecológica de uma determinada massa de água pertencente a esse tipo, por comparação com aquelas condições.


Componente hidromorfológica


As condições hidromorfológicas que definem o máximo potencial ecológico são estabelecidas com base em bibliografia disponível e no conhecimento pericial da equipa.
São feitas deslocações ao campo para observação e medições in loco.
Sumariamente é feito o enquadramento climático a nível do território de Portugal Continental no que se relaciona com as variáveis temperatura e precipitação. Referem-se as características do talude, as variações de nível e o tipo de cobertura das diferentes zonas lacustres (zona ripária, zona litoral, espelho de água).


Componente físico-química

A caracterização físico-química é feita com base na análise estatística dos seguintes parâmetros:


Componente biológica

Embora a DQA faça referência a diversas comunidades aquáticas, salienta-se neste trabalho a comunidade dos macroinvertebrados bentónicos. Esta opção deve-se à facilidade de recolha e tratamento de amostras, assim como da aplicação do índice de qualidade biológica da água. 
Invertebrados bentónicos

Para sistemas com características lênticas, a comunidade de invertebrados pode ser caracterizada através da comunidade litoral ou com base em amostras de exuviae pupais.

Para as albufeiras portuguesas verificou-se que em situações de maior estabilidade (i.e. máximo potencial ecológico) as amostras de exuviae apresentavam maiores níveis de abundância e de riqueza quando comparadas com amostras de invertebrados colhidos no litoral.


No Quadro 1 apresentam-se as taxas indicadoras de qualidade para exuviae; todos eles pertencentes à família Chironomidae.

Quadro 1 - Taxa de exuviae indicadores de Máximo Potencial Ecológico para o tipo Albufeiras do Sul.


Para os invertebrados de litoral, a espécie Atyaephyra desmaresti (Malacostraca, Decapoda) surge como mais abundante.

No Quadro 2 indicam-se outros taxa característicos deste tipo. Refere-se, contudo, que todos eles são generalistas, tolerantes a condições lênticas pouco oxigenadas, não sendo indicadores específicos de qualidade.

Quadro 2- Invertebrados bentónicos indicadores do Máximo Potencial Ecológico para o tipo Albufeiras do Sul.







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