• Qualidade
da água segundo a DQA
o Determinar
o bom estado de massas de água fortemente modificadas - Albufeiras
O principal
objetivo da DQA é atingir o bom estado de todas as águas superficiais (rios,
lagos, águas costeiras e de transição) e subterrâneas.
Uma massa da água
pode ser designada como fortemente modificada quando, em resultado de alterações
físicas resultantes da atividade humana, adquiriu características
substancialmente diferentes do seu estado natural: rio, lago, águas de
transição e águas costeiras. Estão neste caso, por exemplo, as albufeiras e os
troços de rio a jusante das barragens, já que o rio, em virtude da construção
de uma barragem-necessária para garantir determinados usos da água como o
abastecimento público, produção de energia hidroelétrica, rega, proteção contra
cheias, navegação e recreio - sofreu uma alteração física que modificou
significativamente as suas características hidrológicas e morfológicas.
Como se trata de uma massa de água que resulta da profunda alteração de
um sistema aquático natural previamente existente, a DQA não tem em conta as
particularidades ecológicas das albufeiras, propondo uma tipologia de base
abiótica. Esta é baseada em variáveis físico-químicas e hidromorfológicas, com
a ideia subjacente de que a diferentes cenários abióticos correspondem
comunidades biológicas distintas.
Para
a categoria Massas de Água Fortemente Modificadas, a DQA “criou” o conceito potencial
ecológico, a que no extremo superior do gradiente de qualidade, corresponde o
“máximo potencial ecológico”, caracterizado por evidenciar estruturas
ecológicas equilibradas e indicadoras de situações o menos modificadas
possíveis.
As
albufeiras de Santa Clara (RH 6) e Odeleite (RH7) são consideradas como
referencial de “máximo potencial ecológico” por cumprirem os “valores de
referência” definidas pelo INAG. (Instituto Nacional da Água)
À
semelhança dos sistemas naturais, para as massas de água fortemente modificadas
é fundamental caracterizar as condições de máximo potencial ecológico para as
componentes hidromorfológica, físico-química e biológica, por tipo, para, numa
fase posterior, se poder proceder à classificação ecológica de uma determinada
massa de água pertencente a esse tipo, por comparação com aquelas condições.
Componente hidromorfológica
As
condições hidromorfológicas que definem o máximo potencial ecológico são
estabelecidas com base em bibliografia disponível e no conhecimento pericial da
equipa.
São
feitas deslocações ao campo para observação e medições in loco.
Sumariamente
é feito o enquadramento climático a nível do território de Portugal Continental
no que se relaciona com as variáveis temperatura e precipitação. Referem-se as
características do talude, as variações de nível e o tipo de cobertura das
diferentes zonas lacustres (zona ripária, zona litoral, espelho de água).
Componente
físico-química
A caracterização
físico-química é feita com base na análise estatística dos seguintes
parâmetros:
Componente
biológica
Embora
a DQA faça referência a diversas comunidades aquáticas, salienta-se neste
trabalho a comunidade dos macroinvertebrados bentónicos. Esta opção deve-se à
facilidade de recolha e tratamento de amostras, assim como da aplicação do
índice de qualidade biológica da água.
Invertebrados bentónicos
Para sistemas com
características lênticas, a comunidade de invertebrados pode ser caracterizada
através da comunidade litoral ou com base em amostras de exuviae pupais.
Para as
albufeiras portuguesas verificou-se que em situações de maior estabilidade (i.e.
máximo potencial ecológico) as amostras de exuviae apresentavam maiores níveis
de abundância e de riqueza quando comparadas com amostras de invertebrados
colhidos no litoral.
No Quadro 1
apresentam-se as taxas indicadoras de qualidade para exuviae; todos eles
pertencentes à família Chironomidae.
Quadro 1
- Taxa
de exuviae indicadores de Máximo Potencial Ecológico para o tipo Albufeiras do
Sul.
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Para os
invertebrados de litoral, a espécie Atyaephyra desmaresti (Malacostraca,
Decapoda) surge como mais abundante.
No Quadro 2
indicam-se outros taxa característicos deste tipo. Refere-se, contudo, que
todos eles são generalistas, tolerantes a condições lênticas pouco oxigenadas,
não sendo indicadores específicos de qualidade.
Quadro 2-
Invertebrados bentónicos indicadores do Máximo Potencial Ecológico para o tipo
Albufeiras do Sul.
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